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segunda-feira, 29 de março de 2010

Reflexões sobre a não existência

Esta semana que passou eu tive a oportunidade de ir a uma palestra na Esamc de Santos que discutia sobre o que é a morte na terceira idade. Foi uma palestra bem profunda com um professor formado em filosofia e mestre em alguma coisa que eu não me lembro, isto não é importante, o importante é que ele tocou em um ponto bastante interessante que nós passamos a pensar bem pouco que é na nossa morte ou na nossa não existência. Apesar da palestra ter sido até longa deixarei aqui só minhas impressões pessoais sobre o tema.

Nunca tinha conseguido definir tão bem o que era  morte até então. Entretanto esta palestra me fez abrir os olhos sobre o que talvez seja o nosso destino certeiro e final. E digo talvez por que como qualquer ser vivente e cego pelo otimismo, me nego a aceitar que depois da vida, que é o momento no espaço que tudo existe, não possa haver simplesmente uma não-vida que é o que definimos como morte. Mas é o que parece ser o mais real.

Apesar de ser assustador é interessante pensar na não-existência. Todos nós pensamos nela alguma vez em diversos momentos, quando adolescentes pensamos: " E se eu nunca tivesse existido?" quando adultos pensamos: "E se eu nunca tivesse feito?" para na velhisse pensar: "E se eu nunca tivesse aprendido?".

O que eu irei deixar para os outros quando eu não-existir mais ou melhor, o que eu já deixo para os outros quando eu não existo na vida delas? Quantas serão as pessoas que lembram de mim quano não estou com elas? Em que situações elas se espelham em minhas passagens ou se identificam comigo? Quantas vezes isso acontece? Quando acontece e por quem acontece, são perguntas que eu gostaria mesmo de saber.

Qual está sendo o meu legado? Ouvi uma história nesta palestra que nada mais é que metáforas da vida e da morte. Uma pantera negra enorme é pega pela rabo e levada para trás. A pantera como todo grande felino se nega a ter a liberdade tirada e finca as garras no solo para parar este destino. Entretanto a força que a puxa é mais forte do que ela e mesmo retardando sua ida ela será arrastada. Quando ela se for o que ficam são as marcas de suas garras no caminho e isso é a vida.

A pantera somos nós, a terra é a nossa vida, as marcas são o que nós fizemos dela e a força que nos puxa é o tempo. Um velho ou uma velha sabem que logo logo não terão mais vida e portanto se esforçam para passar aos mais novos a releitura de suas vidas através das marcas do tempo. O jovem sabe que haverá um amanhã e não se importa com isso.

Hoje eu releio minha vida profissional como um velho lê sua vida. A cada dia que passa eu sinto a não existência de algo concreto ser cada vez mais vívida e tendo desesperadamente através de blogs, twitteres, facebooks, orkuts, linkedins e recadastro de vagas de emprego reler e passar adiante tudo o que já fiz, na esperança de que alguém veja e reconheça meu legado e me aproveite na esperança de reconhecer que eu tenha sido útil. Que meu caminho até aqui não foi em vão e que eu possa ainda fazer muito mais. Que o que eu fiz foi e eu ainda posso ser especial.

Mas assim como o velho que eu também me vejo sem alternativas. Todos os dias eu vejo meus amigos não-existirem mais nessa situação que estou. Um velho vê seus amigos morrerem um a um e cada vez mais ficam sozinhos, eu vejo meus amigos conseguirem conquistar seus sonhos, se formarem tendo empregos fixos de 3,4,5 mil reais por mês e eu continuo aqui. Vivendo como um estágiário, sem saber se sinto inveja dos que morrem ou me agarro no pouco do que ainda tenho de vida.

A morte como vocês vêem, é eficaz. No sentimento de vazio, de não-existir é que podemos refletir realmente o que queremos e podemos ser se nos fosse dado xyz oportunidades. Devíamos viver mais pensando e agindo pensando na nossa não vida. Fazer aquilo que nos deixa felizes e repartilhar essas idéias como os outros.

E é por isso mais uma vez que escrevo, para que o mundo veja que eu posso escrever tão bem, mas que hoje escrevo de mim pois ainda não há ninguém que diga o quanto os faço feliz. Li o artigo do Cassione em que ele diz que uma leitora agradece seus artigos e mudou de idéia sobre ele, ela diz que hoje vai com a cara dele e ele escreve que ele a engana, que ele a ilude fazendo a acreditar em algo que nem ele mesmo acredita que é que ele seja uma boa pessoa. Mentira. Falsa modéstia.

O que eu faço aqui a escrever é exatemente isso, sem modéstia alguma, eu quero que aqueles que me leiam aqueles que vejam minhas idéias discordem ou concordem mas pelo menos se manifestem a respeito das coisas que eu digo. o Sr. Cassione nunca foi ignorado e ainda hoje não é, mas diz que sim. Eu sou pouco reonhecido, hoje sou ignorado, mas não finjo que não sou. E fico indignado com esta espécie de atitude por que eu não poderia fingir e me sentir pleno a saber que ao passar pela minha estrada, ninguém tenha visto as marcas que eu fiz pela terra. Eu me nego a aceitar que ninguém veja o que eufiz ou o que eu sou. Isso eu não posso deixar acontecer e é por isso que eu penso, escrevo e espero que alguém venha comentar. Desesperadamente. Pois isso prova que eu existo, que eu sou.

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